domingo, 20 de março de 2011

VIII - ARTES E TALENTOS

VIII ARTES E TALENTOS

                                               Irmãos Músicos

  O surgimento de talentos em artes, móveis, construção de artefatos deu destaque à localidade. Os músicos, os grupos de danças gauchescas, os trovadores, declamadores, os instrumentistas de gaita (ponto e piano), violão, bandonion projetou Rincão dos Alves no Cenário Regional. A arte musical iniciava com o aprendizado do manejo da gaita ponto, seguida da pianada(teclado) das marcas Somenzi, Todeschini, etc. Na cidade havia uma família Machado, sem qualquer parentesco com os Machado de Rincão dos Alves, cuja arte ia sendo passada de pai para filho. O velho Machado tinha os filhos Quim, Jurandir, José e outros que, já desde meninos saíam dedilhando os botões ou o teclado da chorona. A arte vinha de berço – já nasciam tocando. De certa forma estes músicos, mais outros de expressão nacional como Mariosan (exímio acordeonista), depois os irmãos Bertussi, inspiraram pessoas do Rincão dos Alves a seguirem a arte musical. Para alguns, esta arte não só era diversão como também fonte de renda da família pois executavam suas músicas em bailes e festas de casamento, aniversário e outros eventos festivos. Os filhos de Marcírio Machado cc. Verginia Simi, entre eles Antonio, Zeferino, João(Joanete) e Ireno se tornaram gaiteiros. Antonio , Zeferino(Neno) e Joanete tocavam em bailes da redondeza. Já Ireno seguiu profissionalmente a carreira artística, dominando o acordeon e se apresentando em rádio e em Shows no interior do Rio Grande e fora dele, conforme consta na seção: “A Trajetória de Ireno Machado”. Veja os irmãos músicos a seguir:
Zeferino Machado(Neno)    Ireno Machado                    João Machado(Joanete)

  Na família Feliciani teve destaque Álvaro de Oliveira Feliciani(Instrumentista) e seu irmão Anisio(vocal), os quais constituíram, por longo tempo, um grupo musical denominado: LEGENDA. Dispunham de um ônibus adaptado para transportar o equipamento de som, instrumentos e acomodações de repouso, podendo se deslocar a grandes distâncias. O grupo se desfez e Álvaro prosseguiu na carreira solo gravando seus CD’s e apresentando programa de sua autoria na Rádio Jaguari, sob a denominação “ À Moda Véia”. Veja abaixo, uma de suas músicas em parceira com outros compositores.
     Na poesia, na trova e no repentismo, exaltando as virtudes do seu povo e as lidas do pago, destacou-se Valdir Machado Kraetzig. Expressa o sentimento do homem do campo em prosa e verso em palavras do cotidiano, mas que brotam com naturalidade de suas reservas culturais.
     Veja, a seguir, uma de suas composições musicais, em parceria com João Damásio Catelan, musicada e interpretada por Álvaro Feliciani, no CD “Da Moda Véia”, sob o título: Recordando Meu Rincão Retrata a história da Cancha da Cruz num embalado vanerão.
            Eis a letra:
 Sábado tem Baile na Chita
  No salão da encruzilhada
  E lá na Cancha da Cruz
  Domingo tem carreirada
  O Garganta do Tio Silvio
  Pingo Bueno e bem tratado
  Vai correr quinhentos metros
  Com o Tubiano dos Machado

                          Cinquenta e cinco em cada lombo
                          O Teté corre o Tubiano
                          E quem joqueia o Garganta
                          É um mulato castelhano
                          Tem jogo e parada grande
                          Parcerias e mano a mano
                         E o juiz é o tio Mário Flores
                         Por competente e vaqueano

Vem gente de toda a parte
E muita prenda faceira
É tradição na querência
Um comércio de carreira
A Filhota e a Dimiana
Lidaram a semana inteira
Pra preparar os quitutes
No oficio de quitandeira

                        A indiada batendo a tava
                        Junta à sombra da figueira
                        Num tiro de volta e meia
                        Buscando a sorte parceira
                        De repente estoura um rolo
                        Por causa de um calaveira
                        Que andou roubando uma carta
                        Numa parada de primeira

Tudo isto aconteceu
Lá no meu velho Rincão
Churrascos de vaca gorda
Surpresas e marcação
Hoje nada mais existe
Tudo se foi campo a fora
Só a tropilha da lembrança
O tempo não leva embora

                      Mas fica de testemunha
                      O que meu verso traduz
                      As memórias do passado
                      E a saudade quem conduz
                      Na escuridão das lembranças
                      Minhas rimas buscam a luz
                      Pra cantar Rincão dos Alves
                      E a velha Cancha da Cruz”

Foto: 2010:  Álvaro Feliciani                João Damásio Catelan      Valdir Machado Kraetzig

                                          Ireno Machado - não gostava de lavoura

 

  Vocação de Ireno Machado “Ovelha não é pra mato”, diz o ditado popular. Ireno Machado, cuja trajetória está dissertada nesta publicação, nasceu para ser músico, homem de palco, de rádio, em fim, da comunicação. Quando ainda moço de 15 a 17 anos, ia para a lavoura e antes de iniciar o trabalho contemplava a natureza, se inspirava e passava a recitar versos ou cantar algumas músicas já memorizadas. Não gostava de lavrar a terra usando bois para puxar o arado. Usava cavalos, que eram mais rápidos, porém usava arado nove(9), duro, isto é, sem virar o “ferro” para inverter o sentido da verga. Tinha que lavrar em quadro, formando um anel quadrangular, sempre no mesmo sentido. Certa vez, quando foi colher a safra de linhaça, contratou Laudelino(Lau) e Edvino Gampert para ajudar na colheita, prometendo pagar pelos serviços prestados. Ireno passava cantando e fazendo versos rimados enquanto os outros trabalhavam. No final da tarefa, dinheiro ? Que nada, ficava por conta do espetáculo musical apresentado no meio da lavoura(Fonte: Laudelino(Gampert(Lau)).



Vocação de Ireno Machado


Ireno Machado, já desde menino, tinha vocação para música. Certa vez seu irmão Antonio pediu-lhe que fosse pedir emprestado um violão a um vizinho. Atendeu o pedido do irmão e se atrasou um pouco, pois em cada barranco sentava à beira da estrada e passava a dedilhar as cordas do magricelo. Quando chegou em casa, já reproduzia músicas que tinha ouvido de outros violonistas. Em outra ocasião, Ireno foi a um baile, sem qualquer instrumento, não para dançar, mas para ouvir as músicas interpretadas no fandango. Retornou à casa a cavalo, já de madrugada e deixou o cavalo no pátrio, sem desencilhar, e pegou logo sua gaita, passando a interpretar as músicas que havia memorizado durante o baile. (Fonte: Laudelino Gampert(Lau))



A Arte de Vladimir
 

  Na comunicação visual teve destaque Vladimir Feliciani Machado que começou com desenhos de Gibi e se projetou até o doutorado e mestre em Artes Visuais. Veja sua formação em “Trajetória de Vladimir” nesta publicação. A lista de destaque é enorme, apenas citamos alguns para ilustrar esta apresentação.



A Arte de Dona Gema
 

Gema Jumelli, filha de Pedro Jumelli e neta de Alfreto Jumelli, foi contratada em 1925, já com 32 anos de idade, por Marcolina Campos de Oliveira, esposa de João Alves Machado, para ministrar aulas de corte e costura às suas netas Idalina(16), Filhota(17), Joana(18) e outras. Veja a foto de 1ª Comunhão onde se vê Gema, Idalina e L. Saggin.

Foto: 1925 Gema Jumelli Idalina S. Oliveira Outra
    As aulas eram ministradas na residência de João Alves Machado, em sala separada, onde cada aluna tinha sua própria máquina de costura. De todas as alunas de Dona Gema, a única que seguiu costurando como profissional até a aposentadoria foi Idalina. As demais, apreenderam o suficiente para confeccionar roupas para uso da própria família, sem fins econômicos. Aos 39 anos Idalina mudou residência, saindo do Rincão dos Alves para a cidade de Jaguari, no sopé do obelisco, junto ao Passo do Tigre, onde seu pai Márcirio Machado de Oliveira havia adquirido uma Chácara e cultivava hortigranjeiros e vaca de leite. Idalina exercia a profissão de costureira e ajudava no sustento da família de três pessoas: Marcírio, Idalina e a sobrinha Neusa de 5 anos de idade. Dona Gema, devido à longa permanência no Rincão dos Alves se enamorou de Jorge Simmi, com quem se casou, indo morar na cidade de Jaguari, RS, sempre exercendo a profissão de modista/costureira, além de ensinar a arte da costura a grupos de meninas adolescentes, preparando-as para se tornaram bom partido no casamento.
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