domingo, 20 de março de 2011

II - RESPEITO AOS COSTUMES

                   Herança dos Costumes e Religião
 
    Desde os primórdios dos povos se aprende a respeitar os hábitos e costumes tidos como normas saudáveis de convivência. Cada grupo racial introduz no local, onde passa a conviver, hábitos e posturas trazidos do lugar onde primitivamente habitava. Não só da região ou país, mas também do estrangeiro através da imigração. No Rincão dos Alves a população é formada de nativos como portugueses, índios, mais os latino(espanhóis, paraguaios, uruguaios, argentinos), alemães, austríacos, italianos, poloneses, húngaros e, cada grupo racial trouxe de sua localidade de origem a cultura de seu povo que, miscigenado com a do novo local, pode mudar alguns aspectos já firmemente radicados. Vejamos os detalhes diversificados em diferentes circunstâncias:
 
Posturas e Gesto na Saudação
 

     Algum tempo atrás o cumprimento consistia em dar 3 toques, sem aperto de mão, sendo o primeiro com as pontas dos dedos da mão direita, seguindo-se outro toque no ante-braço e por último um toque na altura do ombro. Quem não conhecia tais costumes, quando ia apertar a mão do matuto, este já estava com a ponta dos dedos tocando no seu antebraço. Já perdido, não sabia onde levar a mão. Quando se tratava de membros da mesma família, principalmente parentes, havia obrigação do filho, sobrinho, neto, pedir a bênção aos mais velhos. Caso se negasse seria uma falta de respeito com o ancião. Seria chamado a cumprir o ritual , sob pena de sofrer uma coça do pai, tio e outro parente superior em idade ou responsável.


Obediencia ao Luto
     Quando falecia membros da família, parentes bem próximos, como pais, tios, avós, irmãos, havia obrigação de usar a roupa preta por um determinado período e privar-se de participar de encontros de lazer como festas populares, festas de aniversário e bailes. Houve caso de pessoas ficaram mais de 3 anos sem poder se divertir porque sempre havia o falecimento de um dos membros da família. Caso não fosse observado o prazo, era motivo de reprovação moral das famílias vizinhas, parentes ou não do transgressor.
Religião

   Os nativos não tinham o costume de promover atos públicos de cultos religiosos. Rezavam pequenas orações ou atos individuais. A imigração Alemã, italiana e outras de origem européia, trouxeram o hábito de rezar o Terço, ir à missa aos domingos, às festas ou quermesses, constituindo uma forma de fortalecer o lado espiritual do individuo, para que tenha fé em um ser superior – o Deus, conforme sua crença religiosa. No Rincão dos Alves, apesar de existir descendentes Afros, não houve a prática de Candomblé ou assemelhados. Houve predominância da religião cristã ou Católica Apostólica Romana, mesmo com a existência elevada de descendentes evangélicos alemães.
Radicalismo/Fanatismo

     O povo defendia, no passado, sua ideologia política partidária de forma aguerrida, vingativa e opressiva. Nos tempos dos Castilhistas e Borgistas – os republicanos - Chimangos(lenço branco) e os Maragatos(lenço vermelho) conviviam numa guerra sangrenta como adversários. Os Chimangos e Maragatos lutavam com todas as armas para, cada qual, manter seu território. Quem podia mais, mandava exterminar o outro. Havia o tempo das degolas em que os carrascos traziam a cabeça das vítimas para justificar o cumprimento de uma missão de vingança ou de desrespeito aos costumes. As pessoas tinham o cuidado de não ofender as outras quando não era este o propósito. Pois em caso de ofensa, tornava-se difícil a reconciliação. Houve casos rancorosos de verdadeiro radicalismo em que ninguém conseguia pedir perdão por um erro cometido. Seria uma desonra tal atitude, por exemplo, durante a construção do Clube Harmonia da localidade, havia um grupo de moradores que propugnava pela denominação de João Alves, em homenagem ao benfeitor maior do lugar. Caso não fosse esse o nome de batismo do clube, ninguém dos proponentes, nem seus parentes colocariam os pés naquele local. Dito e feito !. Só entraram lá quando os radicais ou intransigentes partiram para outro planos do patrão lá de cima.
Atitudes nos Bailes

      A fiscalização nas danças era severa. Não podia o homem se aproximar muito da parceira de dança, sob pena de ser retirado do ambiente. Tudo em prol da moral que deveria ser mantida a qualquer custo. O peão não estava autorizado a lustrar a fivela do cinto na barriga da prenda. Quando foi inaugurado o Clube Harmonia, em Setembro de 1960, além da criação do Estatuto, foi adicionado um regulamento de posturas em que recomendava aos associados e convidados seguirem determinadas posturas como: ao terminar a música, parando as danças, o par deveria se separar e as damas iriam ao toalete e os rapazes, para um canto do salão, nunca ficando “de par” no salão. As penalidades impostas eram severas, principalmente para quem ousava tirar uma “casquinha” com a dama. Se fosse chamado ao escritório, tanto ela quanto ele, o fato em si, era motivo de vexame e caía na boca do povo.

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