domingo, 20 de março de 2011

V - ATIVIDADE ECONÔMICA

Fontes de Riqueza

      A localidade de Rincão dos Alves passou por diferentes fontes econômicas ao longo de sua história. Iniciou na pecuária e, com a chegada dos imigrantes alemães e italianos, houve um progresso na agricultura familiar. Houve um período de coincidência da necessidade do desmatamento para a construção das lavouras, ao mesmo tempo a necessidade de extração de madeira para a estrada de ferro que se construía na região, entre Jaguari e Santiago. Era grande a produção de dormentes para o assentamento dos trilhos da estrada de ferro. A margem esquerda do Rio Jaguari apresentava grande extensão de área de várzea própria para o cultivo do arroz irrigado, através de bombeamento da água desse Rio que começou usando energia a vapor, óleo diesel e por último, elétrica. O plantio de arroz tornou uma cultura de maior expressão na localidade, seguida da produção do soja, milho, fumo em estufa(antigamente predominava fumo em corda) e outras culturas diversificadas. Ainda continua grande a produção de gado de corte, de modo que poucos moradores não dispõe de uma criação de gado, porco, galinha e alguma ovelha. A maioria aposta, e com bom retorno, nessa criação de baixo custo e disponível a qualquer instante. Nenhum produtor rural da região ainda ousou a produzir frango ou suino em escala maior de produção, talvez por não se ajustar ao estilo dos seus investidores. Na área industrial, excluindo a familiar como produção de queijo, embutidos(lingüiça, salame, copa, morcilha ou morcela), operou por alguns anos uma fábrica de biscoitos, estilo caseiro, de propriedade de Elton Machado de Oliveira que mantinha um quadro de pessoal efetivo, legalmente contratado, passando a fornecer produtos em Santiago, Jaguari,São Vicente, São Pedro do Sul, Santa Maria, Cacequi. Durante mais de 5 anos funcionou bem, mas devido às exigências fiscais, sanitárias e contratos apertados com revendedores, o negócio passou a ter baixo retorno em confronto com o grande volume de serviço exigido. A produção de mel tinha seu espaço, atraindo a entrada de veículos a procura deste alimento natural. A maioria dos moradores mantinha uma caixa de abelha no quintal para reforçar o orçamento da família e as refeições diárias. Na área comercial funcionaram os Bolichos de Campanha já abordados noutra seção, destacando a revenda de Secos & Molhados da época, em cujas casas havia um sistema de troca com entrada de grãos e retirada de produtos acabados ou elaborados. Outro fator de desenvolvimento repousava na movimentação de cargas pelos carreteiros que faziam circular mercadorias de todos os tipos, reforçando a entrada de moeda na localidade. Moedas como: Reis ($), Cruzeiro(CR$), Cruzado(Cz$), Cruzados Novos(NCz$), URV, Real(R$).
João Simi – O Oleiro


      João Simi trouxe na bagagem imigratória da Itália a profissão de oleiro- fabricação de tijolos para a construção civil. Estabeleceu-se, após receber a porção de terra na L-15, na zona alagadiça de Jaguari,RS,. nas proximidades da Ponte Seca, onde montou sua olaria produzindo peças de tijolo para obras na cidade e interior do município ainda não emancipado de General Vargas, hoje São Vicente do Sul. Na época era um grande empresário na área industrial que atendia a demanda dos construtores, de modo que a metade das casas de alvenaria de Jaguari, nos anos 20 e 30, tinha tijolos produzidos por sua olaria. Quando suas netas, ainda meninas, vinham do interior do município para visitá-lo, achavam divertido brincar sobre as pilhas de tijolos sem se dar conta do estrago que causavam. Seu Simmi, enrugava a testa e esbravejava : retirem estas “putinas” de minha olaria e mandem brincar noutro lugar... Quase toda a família se dedicava à produção de tijolos, desde seu pai até os filhos. André Simi era o que detinha maior volume de produção entre os demais produtores deste item da construção civil.
Casas Comerciais


      Nas proximidades da Escola João Alves Machado havia um Bolichão de Campanha iniciado por Santo Picolo onde trabalhou por mais de 15 anos. Depois vendeu ao Sr. Vergilio Sfreddo, o qual ficou ali cerca de 10 anos. Este vendeu para Wilson Schopf que comercializou ali cerca de 5 anos. Vendou, posteriormente, a seu irmão Arnaldo Schopf que também ficou por mais 5 anos. Por fim veio morar no local Dona Joana e sua familia onde tentou reiniciar a venda, porém a facilidade de contato com o comércio na cidade, tornou o negócio pouco rentável ou inviável. Ficou apenas como moradia. Ao lado da Igreja São João Evangelista havia o Bolichão do Sr. Angelo Tamiosso iniciado lá pelo idos de 1923. Ali trabalhou até 1954, quando foi vendido para Armando Feliciani(Filho de Lourenço Feliciani), o qual ficou até 1965 quando se transferiu para a cidade de Jaguari, vendendo a propriedade e a existência do Bolichão ao Sr. Nilson José Schopf, o qual trabalhou até se aposentar em 1998, encerrando definitivamente o comércio naquele local. Em 1920 Marcirio Machado abriu um bolichão de Campanha na sua moradia onde hoje é a residência de Dona Josefina Sachett Machado, viúva de Olindo Machado(Olinto) Ali comercializava diversos produtos – Secos e Molhados. O movimento aumentou ainda mais com a vinda do Pelotão da Carta Geral do Governo Federal que acampou nas proximidades do bolichão. Dona Virginia Simmi , esposa de Marcirio, montou uma padaria para suprir os recém chegados clientes da Carta Geral. O negócio prosperou durante algum tempo, mas Sr. Marcirio se cansou da atividade comercial e vendeu ao Sr. José Gattiboni que já havia vendido sua casa comercial ao Sr. LiLi, no encontro das estradas do Cerrito com a Várzea. Neste mesmo local onde José Gattiboni exercia o comércio foi vendido ao Sr. Lili e, este, mais tarde vendeu ao Sr. Angelo Taschetto, pai de Antonia, Lidia, etc. O Sr. José Gattiboni, ao comprar o Bolichão do Sr. Marcicio, se estabeleceu logo à frente da casa de Marcírio, lado de cima da estrada, onde passou a comercializar também madeira. Dali saíam as carretas carregadas com estes produtos em direção à São Gabriel, Cacequi, Livramento , Rosário e outras cidades.
Comércio Ambulante


      Os comerciantes de mala em punho – descendentes ou de origem Sirio-Libanês – eram denominados - turcos. Eram os mascateiros, ou mascates. Traziam roupas prontas, em tamanhos diversos e trocavam ou por moeda(vendiam) ou por produtos coloniais. Outros, não turcos, tiravam fotografia do casal dono da casa para reprodução á óleo e enfeitar a sala de visitas. Depois de algum tempo tais quadros - ou ressecava a tinta ou amolecia com a umidade do ar, tornando-se pastosa e pegajosa.
Atividade Agropastoril


      Atividade Pastoril foi essencial para caracterizar a economia do Rincão dos Alves, o que se pode comprovar pelo destaque de João Alves Machado em matéria publicada no Álbum Ilustrado do Partido Republicano Castilhista em 1930. A agricultura de destaque foi o plantio de arroz irrigado em vasta área à margem esquerda do Rio Jaguari, seguindo-se outras de cunho doméstico para o sustento próprio das famílias.
Extração de Madeira


      As matas abundantes e a natureza das espécies qualificavam os produtos extraídos e beneficiados no local, tais como dormentes para a estrada de ferro, peças de veículos de tração animal(carretas e carroças) e madeiramento para construção de casas em geral.
As Carreteadas I


      A população do Rincão dos Alves era um pouco flutuante na época das carreteadas lá pelos idos de 1939 e 1942. Saíam do local cerca de 20 a 30 carretas carregadas de produtos diversos, desde madeira em forma de dormente para a ferrovia, apetrechos de carretas e carroças até charque, embutidos, queijo, banha, mel e muitos produtos do local. Eram tracionadas por várias juntas de bois formando enormes filas e sulcando as estradas com o corte das rodas ferradas com chapa. A viagem durava cerca de 30 a 40 dias, dependendo dos lugares de destino das mercadorias. São Vicente, Cacequi, São Gabriel, Rosário do Sul, Livramento, Quaraí e outras eram os locais mais visitados. No retorno vinha produtos não existentes no Rincão como fazendas(roupas, tecidos), confecções em lã, tecido, roupas de algodão, utilidades domésticas, equipamentos de lavoura, etc. A chegada dos carreteiros era recebida com festa. Programavam bailes, reuniões dançantes, rodas de chimarrão, contos de causos e de aventuras da viagem, festas populares. Era o momento de desfazer a saudade e rever as pessoas amadas e de por os assuntos em dia. Assim era a vida dos carreteiros que os sobreviventes de hoje ainda lembram com certo saudosismo. Dentre os carreteiros estavam os Srs: Romário, Silvestrino, Inácio(o Amansador ou domador de boi), Seu filho Atalício(Ex-Pracinha da FEB na Itália), seu irmão de apelido Amarelo e outros(Fonte: Zeferino Machado(Neno)).    

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