terça-feira, 22 de março de 2011

XV - DESVIO DE CONDUTA

Tô nem aí

  O sentido desta frase, tirada de uma música de sucesso em nossa discografia, significa a despreocupação com que os outros estão falando, mesmo que seja do próprio indivíduo. Há pessoas que praticam atos desabonadores aos bons costumes sem dar muita importância aos efeitos maléficos causados a outrem ou à sociedade em que vivem. As pessoas de boa índole, quando escolhidas para representá-las em qualquer atividade pública ou particular, procuram se empenhar ao máximo para corresponder à confiança de quem as indicou. Porém, há indivíduos que “não estão nem aí” com a honestidade, com a ética e, ainda, confundem desrespeito, corrupção e outros adjetivos com esperteza, situação em que jamais deveriam ser indicados para cargos de confiança ou eletivos. Todo este preâmbulo surge de fato acontecido numa das diretorias do Esporte Clube Harmonia onde um de seus dirigentes, usando de má fé, negava a verdade a seus membros de diretoria, fazendo desaparecer valores que não lhes pertenciam. Decepcionou a sociedade que lhe havia dado respaldo para bem representá-la em todos os atos e fatos de seu relacionamento social, comercial e administrativo. Uma sociedade marcada pela dedicação, esmero e honestidade de seus dirigentes durante quase meio século de repente se vê maculada pela suposta esperteza de administrador que se locupletava agindo deslealmente com seus membros de diretoria e com a sociedade sob sua batuta ou direção. O conselho da Sociedade se reuniu e decidiu aplicar a punição prevista no Estatuto Social, porém sem recuperação dos prejuízos causados nem justificativa de seus atos. Tal decisão foi registrada no Livro de Atas da Sociedade, que, misteriosamente, veio, mais tarde, a desaparecer da secretaria da entidade, sepultando parte da história gloriosa do Clube Harmonia do Rincão dos Alves. O mais intrigante desse acontecimento é a convicção com que nega seus feitos sem ficar “vermelho” ou demonstrar arrependimento. É o verdadeiro “cara de pau” que nem cupim ataca. Há quem diga que postura dessa natureza faz as pessoas se isolarem ou perderem os amigos. Pode isso não se confirmar, mesmo morando em lugar onde o contato diário é inevitável, pois fora da sociedade é uma pessoa participativa no seu grupo, cooperadora, solícita, amiga de todos sem se importar com o que falam. Por isso não está nem aí, mas fica o protesto da sociedade que não comunga com atitudes dessa natureza.(Matéria postada pelo Conselho Deliberativo da Entidade que registrou em Ata os detalhes do fato)

Blefe Do Empréstimo

  Em 1933 o Sr. Laudelino Machado, casado com Josefina Zuchetto, tomou um empréstimo financeiro pessoal de um comerciante da cidade de Jaguari para incrementar a lavoura de arroz irrigado que construiu às margens do Rio Jaguari. Precisava de capital para adquirir equipamentos como locomóvel, acessórios, trator e implementos agrícolas e também insumos. Como não dispunha de bens para dar em garantia ao financiamento, seu pai João Alves Machado concordou em ser avalista do financiamento do filho, onerando certa extensão de terra de campo e várzea. Durante a cerimônia de entrega do numerário houve festa e muito vinho e cerveja para celebrar o grande negócio. Os juros do financiamento, previamente calculados, já estavam embutidos na seqüencia de Notas Promissórias, as quais deveriam ser assinadas pelo tomador e pelo avalista. Dizem que houve um descuido proposital no preenchimento e as N.P. foram acrescidas de um Zero sem que se pudesse vislumbrar numa rápida olhada. Os sacados, já meio no vinho, apenas pediram que indicassem onde deveriam assinar. Assim foi feito. Quando chegou a época do resgate, o valor que se esperava não era o tratado verbalmente. Gerou-se então um mal estar, aborrecimento entre pai e filho, de modo que, mesmo indo bem na colheita do arroz, não foi impossível quitar o empréstimo contraído. Obrigou João Alves Machado a se desfazer de longa extensão de terra para pagar a dívida do filho. Não houve acordo direto nem via judicial. Os papéis retratavam a lisura do negócio, sem que houvesse a possibilidade de enquadramento em crime de adulteração de documento ou rasura. Tal incidente comercial gerou desconforto na família que entrou em profunda depressão, resultando no suicídio de Laudelino que, em conseqüência, mais tarde levou também sua esposa a ingerir veneno para dar fim a sua vida. Um casal perde o controle emocional por causa de um negócio mal sucedido. Veja como aconteceu o suicídio de Josefina em 25/03/1944:”A família havia programado rezar um terço no Cemitério da Estância pelo transcurso de um ano de falecimento de Laudelino. Josefina disse não se sentir bem e pediu a sua filha Maria, já casada com Argemiro, que a representasse naquela ato. Quando Maria retornou, encontrou a mãe morta”

Convivência Atípica

  João Antonio Machado de Oliveira(1989/1960), cc. Rosa Maria(Rosinha), R. Alves, Jaguari,RS, não tiveram filhos biológicos, mas adotaram uma menina de nome Rita(Ritoca) e outra denominada Preta. Quando atingiu a idade adulta, João manteve um relacionamento amoroso com a primeira filha adotiva e montou um lar um pouco distante de sua moradia sem conhecimento do seu pai - João Alves Machado. João Antonio teve com ela vários filhos, sempre na clandestinidade. Seu pai sempre dizia que seus filhos tinham liberdade de contar qualquer história de família, relacionamento ou convivência para que pudesse ajudá-los como fazia com os demais. João Antonio procurava negar a realidade de sua convivência extra-conjugal, principalmente com sua filha adotiva. Num certo dia João Antonio preparou-se para participar de um “Comércio de Carreiras” em São Pedro do Sul e foi até Taquarichim tomar o trem para aquela cidade. Antes da partida do trem conversava com amigos na plataforma e foi embarcar quando o trem já estava em movimento. Ao pisar no degrau de entrada da composição, errou o estribo e caiu entre a plataforma e o trem, de modo que saiu rolando na lateral da estação. Socorrido por amigo da família, Nativo de Oliveira, o abrigou em sua casa. Aparentemente sem ferimento, pediu que lhe trouxesse um copo de água. Dizia que não sentia dor e que estava bem. Tomou a água e logo faleceu. Houve hemorragia interna, daí o falecimento imediato. João Alves disse não reconhecer os netos nascidos da companheira de João Antonio porque nunca revelou seu segredo para o pai... Certamente, alguma ajuda lhe foi passada... A outra filha adotiva, a Preta, passou a cuidar de Dona Rosinha, mulher legítima, ora viúva, até o final de sua existência. Mais tarde casou e foi morar em Porto Alegre, constituindo uma linda família. ************

Quem Riscou Fora da Caixa ?

  Quantos homens riscaram foram da caixa e engravidaram suas parceiras sem reconhecer paternidade ? Nem por isso o fruto desse amor proibido mudou o conceito de boa reputação e honestidade de seu povo ! Estas ocorrências são fatos naturais que queimam algumas regras de bons costumes, mas os protagonistas não tem reclamado do ato que praticaram. Significa que houve o consentimento de ambos, bem diferente de um forçar a prática sem estar de acordo – o estupro. Não se tem conhecimento de abuso nesse relacionamento, comprovando que a repressão maior fica fora dos parceiros protagonistas.

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Um comentário:

  1. No título imediatamente acima afirma-se não haver discordancia de quem riscou fora da caixa, porém, isso não se confirma. Há pouco tempo atrás houve tentativa de estupro quando um trabalhador, solteiro, que vivia da prestação de serviço aos proprietários locais, tentou se apreveitar de uma mulher, separada do marido. O fato não se consumou porque houve intervenção de um cidadão, mas sofreu também agressão com arma branca, tendo que ser hospitalizado. Houve perda parcial dos movimentos de uma mão e longa interrupção nos afazeres da lavoura. O agressor continua na prisão até a publicação deste comentário.

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