VIII ARTES E TALENTOS
O surgimento de talentos em artes, móveis, construção de artefatos deu destaque à localidade. Os músicos, os grupos de danças gauchescas, os trovadores, declamadores, os instrumentistas de gaita (ponto e piano), violão, bandonion projetou Rincão dos Alves no Cenário Regional. A arte musical iniciava com o aprendizado do manejo da gaita ponto, seguida da pianada(teclado) das marcas Somenzi, Todeschini, etc. Na cidade havia uma família Machado, sem qualquer parentesco com os Machado de Rincão dos Alves, cuja arte ia sendo passada de pai para filho. O velho Machado tinha os filhos Quim, Jurandir, José e outros que, já desde meninos saíam dedilhando os botões ou o teclado da chorona. A arte vinha de berço – já nasciam tocando. De certa forma estes músicos, mais outros de expressão nacional como Mariosan (exímio acordeonista), depois os irmãos Bertussi, inspiraram pessoas do Rincão dos Alves a seguirem a arte musical. Para alguns, esta arte não só era diversão como também fonte de renda da família pois executavam suas músicas em bailes e festas de casamento, aniversário e outros eventos festivos. Os filhos de Marcírio Machado cc. Verginia Simi, entre eles Antonio, Zeferino, João(Joanete) e Ireno se tornaram gaiteiros. Antonio , Zeferino(Neno) e Joanete tocavam em bailes da redondeza. Já Ireno seguiu profissionalmente a carreira artística, dominando o acordeon e se apresentando em rádio e em Shows no interior do Rio Grande e fora dele, conforme consta na seção: “A Trajetória de Ireno Machado”. Veja os irmãos músicos a seguir:
Vocação de Ireno Machado
A Arte de Vladimir
A Arte de Dona Gema
Zeferino Machado(Neno) Ireno Machado João Machado(Joanete)
Na família Feliciani teve destaque Álvaro de Oliveira Feliciani(Instrumentista) e seu irmão Anisio(vocal), os quais constituíram, por longo tempo, um grupo musical denominado: LEGENDA. Dispunham de um ônibus adaptado para transportar o equipamento de som, instrumentos e acomodações de repouso, podendo se deslocar a grandes distâncias. O grupo se desfez e Álvaro prosseguiu na carreira solo gravando seus CD’s e apresentando programa de sua autoria na Rádio Jaguari, sob a denominação “ À Moda Véia”. Veja abaixo, uma de suas músicas em parceira com outros compositores.
Na poesia, na trova e no repentismo, exaltando as virtudes do seu povo e as lidas do pago, destacou-se Valdir Machado Kraetzig. Expressa o sentimento do homem do campo em prosa e verso em palavras do cotidiano, mas que brotam com naturalidade de suas reservas culturais.
Veja, a seguir, uma de suas composições musicais, em parceria com João Damásio Catelan, musicada e interpretada por Álvaro Feliciani, no CD “Da Moda Véia”, sob o título: Recordando Meu Rincão Retrata a história da Cancha da Cruz num embalado vanerão.
Eis a letra:
Sábado tem Baile na Chita
No salão da encruzilhada
E lá na Cancha da Cruz
Domingo tem carreirada
O Garganta do Tio Silvio
Pingo Bueno e bem tratado
Vai correr quinhentos metros
Com o Tubiano dos Machado
Cinquenta e cinco em cada lombo
O Teté corre o Tubiano
E quem joqueia o Garganta
É um mulato castelhano
Tem jogo e parada grande
Parcerias e mano a mano
E o juiz é o tio Mário Flores
Por competente e vaqueano
Vem gente de toda a parte
E muita prenda faceira
É tradição na querência
Um comércio de carreira
A Filhota e a Dimiana
Lidaram a semana inteira
Pra preparar os quitutes
No oficio de quitandeira
A indiada batendo a tava
Junta à sombra da figueira
Num tiro de volta e meia
Buscando a sorte parceira
De repente estoura um rolo
Por causa de um calaveira
Que andou roubando uma carta
Numa parada de primeira
Tudo isto aconteceu
Lá no meu velho Rincão
Churrascos de vaca gorda
Surpresas e marcação
Hoje nada mais existe
Tudo se foi campo a fora
Só a tropilha da lembrança
O tempo não leva embora
Mas fica de testemunha
O que meu verso traduz
As memórias do passado
E a saudade quem conduz
Na escuridão das lembranças
Minhas rimas buscam a luz
Pra cantar Rincão dos Alves
E a velha Cancha da Cruz”
Na poesia, na trova e no repentismo, exaltando as virtudes do seu povo e as lidas do pago, destacou-se Valdir Machado Kraetzig. Expressa o sentimento do homem do campo em prosa e verso em palavras do cotidiano, mas que brotam com naturalidade de suas reservas culturais.
Veja, a seguir, uma de suas composições musicais, em parceria com João Damásio Catelan, musicada e interpretada por Álvaro Feliciani, no CD “Da Moda Véia”, sob o título: Recordando Meu Rincão Retrata a história da Cancha da Cruz num embalado vanerão.
Eis a letra:
Sábado tem Baile na Chita
No salão da encruzilhada
E lá na Cancha da Cruz
Domingo tem carreirada
O Garganta do Tio Silvio
Pingo Bueno e bem tratado
Vai correr quinhentos metros
Com o Tubiano dos Machado
Cinquenta e cinco em cada lombo
O Teté corre o Tubiano
E quem joqueia o Garganta
É um mulato castelhano
Tem jogo e parada grande
Parcerias e mano a mano
E o juiz é o tio Mário Flores
Por competente e vaqueano
Vem gente de toda a parte
E muita prenda faceira
É tradição na querência
Um comércio de carreira
A Filhota e a Dimiana
Lidaram a semana inteira
Pra preparar os quitutes
No oficio de quitandeira
A indiada batendo a tava
Junta à sombra da figueira
Num tiro de volta e meia
Buscando a sorte parceira
De repente estoura um rolo
Por causa de um calaveira
Que andou roubando uma carta
Numa parada de primeira
Tudo isto aconteceu
Lá no meu velho Rincão
Churrascos de vaca gorda
Surpresas e marcação
Hoje nada mais existe
Tudo se foi campo a fora
Só a tropilha da lembrança
O tempo não leva embora
Mas fica de testemunha
O que meu verso traduz
As memórias do passado
E a saudade quem conduz
Na escuridão das lembranças
Minhas rimas buscam a luz
Pra cantar Rincão dos Alves
E a velha Cancha da Cruz”
Foto: 2010: Álvaro Feliciani João Damásio Catelan Valdir Machado Kraetzig
Ireno Machado - não gostava de lavoura
Vocação de Ireno Machado “Ovelha não é pra mato”, diz o ditado popular. Ireno Machado, cuja trajetória está dissertada nesta publicação, nasceu para ser músico, homem de palco, de rádio, em fim, da comunicação. Quando ainda moço de 15 a 17 anos, ia para a lavoura e antes de iniciar o trabalho contemplava a natureza, se inspirava e passava a recitar versos ou cantar algumas músicas já memorizadas. Não gostava de lavrar a terra usando bois para puxar o arado. Usava cavalos, que eram mais rápidos, porém usava arado nove(9), duro, isto é, sem virar o “ferro” para inverter o sentido da verga. Tinha que lavrar em quadro, formando um anel quadrangular, sempre no mesmo sentido. Certa vez, quando foi colher a safra de linhaça, contratou Laudelino(Lau) e Edvino Gampert para ajudar na colheita, prometendo pagar pelos serviços prestados. Ireno passava cantando e fazendo versos rimados enquanto os outros trabalhavam. No final da tarefa, dinheiro ? Que nada, ficava por conta do espetáculo musical apresentado no meio da lavoura(Fonte: Laudelino(Gampert(Lau)).
Ireno Machado, já desde menino, tinha vocação para música. Certa vez seu irmão Antonio pediu-lhe que fosse pedir emprestado um violão a um vizinho. Atendeu o pedido do irmão e se atrasou um pouco, pois em cada barranco sentava à beira da estrada e passava a dedilhar as cordas do magricelo. Quando chegou em casa, já reproduzia músicas que tinha ouvido de outros violonistas. Em outra ocasião, Ireno foi a um baile, sem qualquer instrumento, não para dançar, mas para ouvir as músicas interpretadas no fandango. Retornou à casa a cavalo, já de madrugada e deixou o cavalo no pátrio, sem desencilhar, e pegou logo sua gaita, passando a interpretar as músicas que havia memorizado durante o baile. (Fonte: Laudelino Gampert(Lau))
Na comunicação visual teve destaque Vladimir Feliciani Machado que começou com desenhos de Gibi e se projetou até o doutorado e mestre em Artes Visuais. Veja sua formação em “Trajetória de Vladimir” nesta publicação. A lista de destaque é enorme, apenas citamos alguns para ilustrar esta apresentação.
Gema Jumelli, filha de Pedro Jumelli e neta de Alfreto Jumelli, foi contratada em 1925, já com 32 anos de idade, por Marcolina Campos de Oliveira, esposa de João Alves Machado, para ministrar aulas de corte e costura às suas netas Idalina(16), Filhota(17), Joana(18) e outras. Veja a foto de 1ª Comunhão onde se vê Gema, Idalina e L. Saggin.
Foto: 1925 Gema Jumelli Idalina S. Oliveira Outra
As aulas eram ministradas na residência de João Alves Machado, em sala separada, onde cada aluna tinha sua própria máquina de costura. De todas as alunas de Dona Gema, a única que seguiu costurando como profissional até a aposentadoria foi Idalina. As demais, apreenderam o suficiente para confeccionar roupas para uso da própria família, sem fins econômicos. Aos 39 anos Idalina mudou residência, saindo do Rincão dos Alves para a cidade de Jaguari, no sopé do obelisco, junto ao Passo do Tigre, onde seu pai Márcirio Machado de Oliveira havia adquirido uma Chácara e cultivava hortigranjeiros e vaca de leite. Idalina exercia a profissão de costureira e ajudava no sustento da família de três pessoas: Marcírio, Idalina e a sobrinha Neusa de 5 anos de idade. Dona Gema, devido à longa permanência no Rincão dos Alves se enamorou de Jorge Simmi, com quem se casou, indo morar na cidade de Jaguari, RS, sempre exercendo a profissão de modista/costureira, além de ensinar a arte da costura a grupos de meninas adolescentes, preparando-as para se tornaram bom partido no casamento.
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