domingo, 20 de março de 2011

III - EDUCAÇÃO ESCOLAR

As Escolas e os Mestres
 

Inicialmente as aulas eram ministradas em casa de moradores, passando a escolas municipais simples, construídas em madeira bruta, tendo como mestres pessoas com mais preparo intelectual, não chegando ao 2º grau. Entre os educadores registramos: - Pedro Krahe, morador das proximidades do Rio Jaguari, perto da família Colossal/Colodsei. - Djalma ...., também lecionou na escola junto à Igreja. - Silvio Feliciani, passou a lecionar em prédio simples em frente a sua residência. Casado com Almerinda Machado(Filhota), com quem teve 6 filhos, e dividia a atividade agro-pastoril com o ensino primário. - Oracy Machado Feliciani, substituiu o pai nesta seara, vindo, mais tarde, casar-se com Ireno Machado de Oliveira(SIC:Ireno Simi de Oliveira), que seguiu a carreira musical regionalista, tendo tres filhos: Vladimir, Edemir e Volmir. - Maria Izolan, prof. Municipal, hospedou-se inicialmente na casa de José Saggin. Enamorou-se de Nativo Machado de Oliveira, com quem se casou e teve quatro filhos, morando em dois lugares diferentes e, mais tarde, mudou-se para Canoas-RS. - Angela Izolan, Prof.a Municipal, hospedou-se também na residência de José Saggin, vindo, mais tarde, casar-se com Zeferino Machado(Neno), com quem teve 6 filhos. Após sua aposentadoria do magistério que aconteceu prematuramente, transferiu residência para Santa Maria, a fim de educar os filhos em melhores condições de ensino. - Alvenir Sfreddo, Prof. do Estado, com curso Normal Regional(Normalista), passou a lecionar em casa de moradores enquanto estava em construção a Escola Estadual João Alves Machado, na entrada da travessia do Rio Jaguari/estrada da Pranchada. Ainda solteira transferiu-se para Santa Maria, exercendo sua profissão, casando com Altamir Martins, com quem teve 3 filhos. - Dorvalina Carvalho(Dôrva), Prof. Estadual, também ministrou aulas no R. A., hospedando-se, como as demais, na residência do Sr. José Saggin. - Elvira Zuchetto Almeida, prof. Estadual, casada com Crescêncio Pereira de Almeida(Vereador), lecionou por algum tempo na localidade de Rincão dos Alves. - Edite de Quadros, Prof. do Estado, casada com João Silva(apelido: João Manso), tendo 2 filhos: Valter e Elisa. - Angela Pizzutti, Marina Flores, Zulmara, Lourdes Scalon, casada com Arnaldo Schopf, Lourdes Vielmo, Carmem Bertoncelli, Elizete Tadielo Frasson, Loiva Teixeira, Sueli Dalfono, casado com Adão Dalosto, Eda Turchetti(Leda), Marina Flores Machado, Genoveva Cazzola. - havia ainda professoras substitutas, que ocupavam a cadeira nas férias das titulares: Eram elas: Zoleida Picollo, quando solteira, abandonando a profissão após o casamento com Flávio Lena. Teve Dois filhos: Carmem e Juarez. - Também exerceram provisoriamente o magistério, para depois de efetivarem, Alzira Souza que casou com Enir Gonçalves; Gelci Sfreddo Schopf, casada com José Luiz Fiorin Santolin(Gurisão) e ainda Nair Bolzan, casada com Mário Schopf, que logo se transferiu para Rosário do Sul; Geni Schopf, casado com Antonio Campos de Oliveira. Os educadores como Pedro Krahe e outros mais instruídos ajudavam a transmitir conhecimento e praticar a escrita usando, inicialmente a famosa “Lousa” quando cada aluno tinha a sua própria pedra. Escrevia-se com lápis também de pedra em letra cor cinza. Havia ainda um quadro grande onde o mestre ou a mestra escrevia a matéria a ser copiada pelos alunos. A caneta-tinteiro, lápis, papel, lápis de cor, borracha e outros vieram mais tarde. A fiscalização escolar ficava por conta da consciência dos mestres e dos pais dos alunos que reclamavam o rendimento escolar de seus filhos, exigindo a troca de professores caso não estivessem satisfeitos com seu desempenho. Esta troca exigida era rara, pois havia dificuldade em convencer profissionais a lecionar no local devido ao mau estado das entradas, além da longa distancia da cidade.


Locais de Escolas


Ponto 1: Situado junto a atual Igreja São João Evangelista. Ali foram professoras: Angela Isolan, Ponto 2: Situado na frente da casa de Silvio Feliciani, hoje Francisco Feliciani Foram professores: Silvio Feliciani, sua Filha Oraci, Maria Isolan Ponto 3: Situado próximo à casa de João e Emilia Feliciani(Fia). Foram professores: Maria Isolan, Oraci Ponto 4: Frente da casa de João de Mello: Foram professores: Ema Mello, Ponto 5: Escola dos Schopf – Estrada para o Segredo. Foram professores: Angela Isolan, Ponto 6: Localidade de Demétrio Ribeiro, entrada família Peres. Foram professores: Milton Shansis, Alunos: Adélia, Idalina, Joanete, Olinto, Dolfito e outros. Ponto 7: Passo dos Barrosos: Foram professoras: Dorvalina(Dorva), outras. Ponto 8: Entrada para a Pranchada - Escola João Alves Machado Foram professores: Alvenyr Sfreddo, Angela Isolan(Edite), Ponto 9: São Xavier – Complexo Educacional do 4º Distrito de Jaguari. São atualmente professores: Elsa Machado de Oliveira, Geneci Schopf.
**** Abaixo: MAXIMILIANO PEDRO KRAHE E SEUS ALUNOS – EM 1935
IDENTIFICACÃO POR NÚMERO

Atrás: 1  Anastácio(Fo.Felipe) Meio:            12  N.I.                                   Frente: 23 Olivino Boff
          2  Cloraldino Rosa                             13  Irmão Hilda Kraetz.                       24 Irmão Hilda Kraetz.
          3  Lique(Fo. Maurilio)                        14  Não Ident                                      25 N.I.
          4  Valter(Irmão Hilda)                        15  José Zuchetto                                 26 N.I.
          5  José(Irmão Lique)                          16 ...Kerpel                                        27 Zeferino Zuchetto
          6  Geraldo Kerpel                              17 N.I.                                               28 Irmão Hilda Kretz.
          7  Lica(fa.criaçao)                              18 N.I.                                               29 Fortunato(Nato)
          8  Almerinda Boff                               19 N.I.                                               30 Nilo Kerpel
          9  Irondina(Fa.C.Rosa)                       20 .... Boff                                         31 Pedro Krahe
         10  Dorvalina (cc. Hermes)                  21 N.I.                                               32 Não Ident.
         11  Não Ident.                                     22 N.I                                                33  Não Ident.
                                                                                                                               34 Não Ident.
                                                                                                                               35 Não Ident
                                                                                                    36 Diamantina Zuchetto-1927
                                                                                                    37 Nair Machado-1927



     ESCOLA JOÃO ALVES MACHADO
                      ******

II - RESPEITO AOS COSTUMES

                   Herança dos Costumes e Religião
 
    Desde os primórdios dos povos se aprende a respeitar os hábitos e costumes tidos como normas saudáveis de convivência. Cada grupo racial introduz no local, onde passa a conviver, hábitos e posturas trazidos do lugar onde primitivamente habitava. Não só da região ou país, mas também do estrangeiro através da imigração. No Rincão dos Alves a população é formada de nativos como portugueses, índios, mais os latino(espanhóis, paraguaios, uruguaios, argentinos), alemães, austríacos, italianos, poloneses, húngaros e, cada grupo racial trouxe de sua localidade de origem a cultura de seu povo que, miscigenado com a do novo local, pode mudar alguns aspectos já firmemente radicados. Vejamos os detalhes diversificados em diferentes circunstâncias:
 
Posturas e Gesto na Saudação
 

     Algum tempo atrás o cumprimento consistia em dar 3 toques, sem aperto de mão, sendo o primeiro com as pontas dos dedos da mão direita, seguindo-se outro toque no ante-braço e por último um toque na altura do ombro. Quem não conhecia tais costumes, quando ia apertar a mão do matuto, este já estava com a ponta dos dedos tocando no seu antebraço. Já perdido, não sabia onde levar a mão. Quando se tratava de membros da mesma família, principalmente parentes, havia obrigação do filho, sobrinho, neto, pedir a bênção aos mais velhos. Caso se negasse seria uma falta de respeito com o ancião. Seria chamado a cumprir o ritual , sob pena de sofrer uma coça do pai, tio e outro parente superior em idade ou responsável.


Obediencia ao Luto
     Quando falecia membros da família, parentes bem próximos, como pais, tios, avós, irmãos, havia obrigação de usar a roupa preta por um determinado período e privar-se de participar de encontros de lazer como festas populares, festas de aniversário e bailes. Houve caso de pessoas ficaram mais de 3 anos sem poder se divertir porque sempre havia o falecimento de um dos membros da família. Caso não fosse observado o prazo, era motivo de reprovação moral das famílias vizinhas, parentes ou não do transgressor.
Religião

   Os nativos não tinham o costume de promover atos públicos de cultos religiosos. Rezavam pequenas orações ou atos individuais. A imigração Alemã, italiana e outras de origem européia, trouxeram o hábito de rezar o Terço, ir à missa aos domingos, às festas ou quermesses, constituindo uma forma de fortalecer o lado espiritual do individuo, para que tenha fé em um ser superior – o Deus, conforme sua crença religiosa. No Rincão dos Alves, apesar de existir descendentes Afros, não houve a prática de Candomblé ou assemelhados. Houve predominância da religião cristã ou Católica Apostólica Romana, mesmo com a existência elevada de descendentes evangélicos alemães.
Radicalismo/Fanatismo

     O povo defendia, no passado, sua ideologia política partidária de forma aguerrida, vingativa e opressiva. Nos tempos dos Castilhistas e Borgistas – os republicanos - Chimangos(lenço branco) e os Maragatos(lenço vermelho) conviviam numa guerra sangrenta como adversários. Os Chimangos e Maragatos lutavam com todas as armas para, cada qual, manter seu território. Quem podia mais, mandava exterminar o outro. Havia o tempo das degolas em que os carrascos traziam a cabeça das vítimas para justificar o cumprimento de uma missão de vingança ou de desrespeito aos costumes. As pessoas tinham o cuidado de não ofender as outras quando não era este o propósito. Pois em caso de ofensa, tornava-se difícil a reconciliação. Houve casos rancorosos de verdadeiro radicalismo em que ninguém conseguia pedir perdão por um erro cometido. Seria uma desonra tal atitude, por exemplo, durante a construção do Clube Harmonia da localidade, havia um grupo de moradores que propugnava pela denominação de João Alves, em homenagem ao benfeitor maior do lugar. Caso não fosse esse o nome de batismo do clube, ninguém dos proponentes, nem seus parentes colocariam os pés naquele local. Dito e feito !. Só entraram lá quando os radicais ou intransigentes partiram para outro planos do patrão lá de cima.
Atitudes nos Bailes

      A fiscalização nas danças era severa. Não podia o homem se aproximar muito da parceira de dança, sob pena de ser retirado do ambiente. Tudo em prol da moral que deveria ser mantida a qualquer custo. O peão não estava autorizado a lustrar a fivela do cinto na barriga da prenda. Quando foi inaugurado o Clube Harmonia, em Setembro de 1960, além da criação do Estatuto, foi adicionado um regulamento de posturas em que recomendava aos associados e convidados seguirem determinadas posturas como: ao terminar a música, parando as danças, o par deveria se separar e as damas iriam ao toalete e os rapazes, para um canto do salão, nunca ficando “de par” no salão. As penalidades impostas eram severas, principalmente para quem ousava tirar uma “casquinha” com a dama. Se fosse chamado ao escritório, tanto ela quanto ele, o fato em si, era motivo de vexame e caía na boca do povo.

I - ASPECTOS HISTÓRICOS

Origem dos Rinconenses

Todo lugar ou lugarejo recebe uma denominação motivada por fatos ou acontecimentos ali nascidos ou simplesmente para homenagear vultos históricos e/ou benfeitores de destaque no seu desenvolvimento. Rincão dos Alves surgiu, com certeza, em função do maior proprietário rural e, por que não dizer, maior latifundiário da região situada na margem esquerda do Rio Jaguari, a cerca de 30 km da cidade de mesmo nome. João Alves Machado, filho de Zeferino Alves Machado, herdou grande extensão de propriedade rural e a conservou enquanto vivo, conferindo ao local um nome que se perpetua até nossos dias. Alves é um nome de família, supostamente da mãe de Zeferino ou de seu pai – uma vez que a regra de formação dos nomes não era observada como hoje(Ver matéria sobre a formação dos nomes nesta obra). Poderia ser Rincão dos Machado (s), pois foi o nome de família predominante na região. O nome Alves, oriundo daquele que deu origem ao local, desapareceu definitivamente, existindo, porém outro nome Alves sem qualquer relação com o original. A palavra ” Rincão”, extraída do Novo Aurélio – Dicionário da Língua Portuguesa, significa Lugar retirado ou oculto, recanto, ou ainda: local bem protegido, rodeado de matas e rios. Também – Qualquer porção da campanha gaúcha onde haja regato, capões ou qualquer mata. Pela conceituação de Rincão, justifica-se a denominação dada ao local naquela época, pois mata, capões e rio estavam presentes com todo seu vigor natural. Rincão dos Alves, hoje, faz parte da divisão distrital da cidade de Jaguari, constituindo o 4º Distrito, junto com outras localidades circunvizinhas. O gentílico de quem nasce no Rincão dos Alves é Rinconense, ora batizado, apesar do nome não ter “pegado” no linguajar cotidiano do seu povo. Na sua etnia predominava o nome de origem Portuguesa – Alves, Machado, Oliveira, Silva, Correa, Gonçalves, Chaves, Mendes e outros, seguida, mais tarde de nomes de imigrantes Alemães, Austríacos, Italianos, Poloneses, Húngaros, como Schopf, Kraetzig, Ludwig, Edder, Gampert, Feliciani, Anesi, Sfreddo, Gatiboni, Simmi, Saggin, Sachett, Picolo, Fiorin, Snovareski, Pauleski, Mucha,etc. A geografia do seu território retrata um misto de campanha e serra, constituindo em belas paisagens em épocas de floração e plantas em crescimento, a fora o gado nas pastagens naturais mostrando o potencial agropecuário da região. Seus habitantes criam,naturalmente, um vínculo de apego ao local que, ao retornar a passeio, sentem o coração bater mais acelerado, deixando extravasar a paixão pelo berço de nascimento. Assim é o Rincão dos Alves !

Identificação das Famílias

Neste trabalho adotou-se a norma usual de formação de nomes de família, embora o registro em cartório seja diferente, uma vez que cada responsável pelas informações prestadas ao registrador não eram contestadas ou certificadas quanto à regra de identificação ou formação de nomes. A forma normal de registro de filhos em cartório é constituída de pré-nome, sobrenome da mãe e por último, sobrenome do pai, sempre nessa ordem. Porém, na maioria das vezes isto não era obedecido, havendo uma inversão de ordem até mesmo entre irmãos. Para exemplificar o parágrafo anterior, tem-se o registro de uma família em que um dos filhos levou o sobrenome do pai e o outro, o da mãe, em último lugar. O Senhor Costa, casado com a Senhora Silva, registraram os filhos Agenor e Nestor de modo diferente. Agenor Silva e Nestor Costa, ambos irmãos. E agora, José ! Também era costume dos pais registrarem os filhos com os dois sobrenomes do pai. O sobrenome da mãe não constava nem era exigido. Por exemplo, Marcírio Machado de Oliveira, casado com Virginia Simi, registrou seus filhos Olindo, Antonio, João, Pedro, Ireno, Geni e Nair com seus dois sobrenomes: Olindo Machado de Oliveira, Antonio Machado de Oliveira e daí segue, quando o correto seria Olindo Simi de Oliveira, Antonio Simi de Oliveira, etc. Somente Idalina, quando obteve a 1ª carteira de identidade, passou a assinar Idalina Simmi de Oliveira porque o órgão emissor usou a regra de formação de nomes, extraindo os dados de sua Certidão de Nascimento, pois era filha de Márcirio Machado de Oliveira e de Virginia Simmi. Idalina ficou sendo conhecida como ”Idalina Machado” sem ter o nome Machado na formação do seu nome. Outro filho de Márcirio, Zeferino(Neno), que deveria ser registrado com nome de Zeferino Simi de Oliveira, constou como Zeferino Machado, certamente para poder perpetuar o sobrenome Machado na família. Esta inversão já começou na origem com Zeferino Alves Machado casado com Mariana Leite da Conceição que registrou seus filhos João, Querino, Rita, Conceição, Cândida e Mariana, com seus dois sobrenomes: Alves Machado, ficando fora o sobrenome da mãe Leite da Conceição. Assim, João Alves Machado, filho de Zeferino Alves Machado, ao casar com Marcolina Campos de Oliveira, deixou o registro dos filhos por conta da sua mulher Marcolina, a qual trocou a ordem de “Oliveira Machado” por “Machado de Oliveira”. Desse modo, os 13 filhos do casal João Alves Machado e Marcolina Oliveira tiveram os sobrenomes: Machado de Oliveira, quando deveria ser: Oliveira Machado. O filho de João Alves Machado, José Machado de Oliveira, casado com Damiana Flores, teve todos seus filhos herdando somente o sobrenome do pai. Veja o congestionamento de sobrenome gerado com o casamento dos primos: Antonio Machado de Oliveira, filho de Marcírio Machado de Oliveira, casado com Doralina Machado de Oliveira, filha de José Machado de Oliveira. Neste caso, os filhos deste casal passariam a ter o sobrenome: Oliveira de Oliveira, sem qualquer identificação direta de família. Esta confluência de sobrenomes vai acontecer com todos os primos que contraírem matrimônio e seguirem as regras normais de formação de nomes. Se, seus filhos adotarem somente o sobrenome do pai, terão sempre o pré-nome seguido de: Machado de Oliveira. Se seguirem a regra normal, sobrenome da mãe em primeiro e sobrenome do pai em segundo, terão sempre o pré-nome seguido de: Oliveira de Oliveira. No Rincão dos Alves existe mais de uma família Oliveira, sem que tenha parentesco conhecido com a de Marcolina Campos de Oliveira, esposa de João Alves Machado. Trata-se de Oliveira da família de João Ventura, Álvaro Antonio, Mário Flores e outros. Também existe mais de uma família Silva, Correa, sem qualquer vinculo de parentesco entre si.

Formação do seu Povo

Seu povo é constituído pela mistura e cruzamento de diferentes origens raciais: Portugueses, Nativos, Afro-descendentes, Alemães, Italianos, Poloneses, Austríacos, Húngaros. Os preconceitos raciais, no relacionamento de família, já faziam parte dos seus costumes. Havia dificuldade em tratar as diferenças entre as origens. Depois de longo tempo tais diferenças foram sendo absorvidas pelo entrelaçamento dos hábitos forçados pelo casamento entre famílias e hoje nada disso mais existe. Os nômades, ciganos, aventureiros, mascates, junto com os proprietários e arrendatários de todas as origens, enfim, todos contribuíram para a formação do seu povo. A mão de obra escrava era paga com troca de comida e moradia. No passado, o regime autoritário predominava e levou muito tempo para desaparecer suas marcas. A formação básica da população de Rincão dos Alves se estriba na família de Zeferino Alves Machado, nascido em 1839, casado com Mariana Leite da Conceição, cujo casal teve 6 filhos, destacando seu filho mais velho, João Alves Machado, casado com Marcolina Campo de Oliveira, cujo casal teve 13 filhos, conforme consta da genealogia da família Machado desta publicação. Veja mais detalhes na descrição a seguir.

João Alves Machado – O patriarca

Filho de Zeferino Alves Machado(1839/1913)cc. Mariana Leite da Conceição, teve 5 irmãos: 1- Querino Alves Machado(*1850/+1910)cc. Carolina..... (Rica), 2 - Mariana Alves Machado (1852/1923), cc. Laudelino Maciel; 3 -Rita Conceição Alves Machado(1854/1921). Cc. João Ventura Oliveira; 4 - Conceição Alves Machado(1870/1922), Solteira e 5 - Cândida Alves Machado(1872/1948), cc. Faustino Jardim( O Republicano ardoroso). João Alves Machado nasceu em 27/12/1859 e teve 13 filhos no 1º matrimônio com Marcolina Campos de Oliveira. São eles: João Antonio, Marcírio, Francisco, José, André, Zeferino, Laudelino, Izaltino, Cândido, Juvenal, Joana, Adélia e Mariana. Residia na localidade denominada São Xavier, entre São Vicente do Sul e Jaguari-RS, com propriedade rural indo até Rincão dos Alves, nome esse dado ao local em sua homenagem. Seu pai Zeferino faleceu antes de sua mãe Mariana, sendo designado para continuar os negócios do pai e cuidar da mãe até seus últimos dias de vida. Em razão disso, recebeu maior extensão de terra de campo e mato, muito gado, principal atividade econômica da família. Dona Mariana estava sempre cercada de mão de obra escrava e serviçal, designada para o serviço interno da residência e para os serviços de lavoura e campo. Os serviçais tinham como recompensa a moradia, vestimenta e comida. Recebiam também glebas de pequena extensão para seu próprio plantio e colheita particular. A propriedade era imensa. Diz-se que os técnicos de medição da Carta Geral do Governo Federal, vindos da Bahia, ficaram acampados às margens do Rio Jaguari, próximo à Escola João Alves Machado durante muito tempo e percorreram uma extensão de 6 léguas ou 42 km para contornar o seu perímetro. Tão logo faleceu Zeferino, procedeu-se ao inventário do seu patrimônio, cabendo a cada um dos 5 herdeiros(1 falecido) ainda grande extensão de terras, os quais passaram a administrar cada qual a seu modo. João Alves, além da sua parte, que lhe coube na partilha, passou a administrar também a parte da meeira, sua mãe, Mariana. Começou, a partir daí, a abertura e divisão da propriedade que era exclusiva dos Alves Machado. Entraram no rol dos proprietários também os não pertencentes à família Machado, através de herança e por compra direta de terras pelas famílias Schopf, Ciochetta, Feliciani, Kraetzig, Picollo, Silva, Saggin, Piecha, outros. João Alves Machado era um homem respeitado pelos amigos e parentes, principalmente pelos correligionários políticos do Partido Republicano, conforme consta no “Álbum Ilustrado do Partido Republicano Castilhista” publicado em março de 1930. Neste álbum registra: “ Ardoroso republicano desde sua mocidade, com uma larga folha de serviços prestados à idéia castilhista, o Sr. João Alves Machado vive, agora, a sua velhice cercada de prestígio geral da população do 4º Distrito de Jaguary, onde reside com sua exma família. Nasceu o distincto republicano no município de Jaguary, a 27 de Dezembro de 1859, sendo seus paes o Sr. Zeferino Alves Machado e a exma Sra D. Mariana Leite da Conceição. O Sr. João Alves Machado dedica-se à industria pastoril, criando gado vaccum de excelente cruzamento em campos de sua propriedade, na Fazenda São Xavier, onde também tem sua residência. Do seu consórcio com a exma. Sra Marcolina Alves de Campos, há onze filhos, os srs João, Marcirio, Francisco, José, André, Zeferino, Laudelino, Izaltino, Candido e Juvenal, a exma. Sra Joanna Campos Machado, todos eles ardorosos continuadores das tradições do seu venerando pae.(SIC: Na realidade são 13 filhos e não 11, como consta no Álbum). Por sua lealdade aos princípios que abraçou por sua influencia política no logar, o Sr. João Alves Machado é uma figura respeitável da política republicana do Município de Jaguary, impondo seu prestígio e sua combatividade sempre que se fazem necessários seus valiosos serviços”. Era um verdadeiro patriarca, concedendo benefícios a quem não possuía bens de raiz ou semoventes. Permitia que explorassem gratuitamente ou com percentagem, vasta extensão de mato retirando madeiras para comercialização ou para uso próprio, principalmente dormentes para construção da estrada de ferro na região. Era costume os agregados ou moradores invasores pedirem, por empréstimo, vaca leiteira com bezerro, porém, na ocasião da devolução, só retornava a vaca e ... se voltasse. O bezerro ficava por conta do infortúnio, sob alegação de que havia morrido no campo. João Alves, o Patriarca, o bonachão, não discutia nem contestava, apenas dizia: Está bem, nada posso fazer !.

 
Medição da Carta Geral
 
Na década de 1930, o governo federal, através do “Programa Carta Geral da União”, mobilizou o Exército Brasileiro para fazer o mapeamento de áreas rurais e urbanas. Foram designados Pelotões de Serviço munidos de equipamentos de medição (Bússolas, Teodolitos, balizas, trenas, etc), barcos a motor, a remo, veículos QT, veículos leves, barracas, material de escritório, rádio de comunicação a viva voz com retorno(câmbio), código Morse, telefonia de campanha, para fazer levantamento de todas as áreas dos Estados do País. No RGS, principalmente em Jaguari-RS, Rincão do Alves, um Pelotão se instalou com barracas e casas de madeira improvisadas, durantes 6 meses, no encontro da Estrada da Pranchada do Rio Jaguari e proximidades da Escola atual João Alves Machado. A mata cerrada impedia o acesso das equipes aos locais das margens do Rio Jaguari, por isso algumas áreas, em cerros e quase inóspitas na época, ficaram fora da medição. A maior extensão de terras (campo, mato e roçados) pertenciam a Zeferino Alves Machado, com seus 6 filhos. Pela sucessão natural, João Alves Machado, um de seus filhos, herdou maior extensão de terra por razões de acordo de família e poder administrativo. Por sua vez, João Alves Machado ao falecer, teve sua propriedade dividida com seus 13 filhos. Francisco, um de seus filhos, recebeu maior extensão. Além disso, tinha poder para propor, escolher e designar quem ocuparia determinadas áreas mais produtivas. Este poder e privilégio foi concedido por seu pai e também um pouco auto-assumido por ter maior influencia e comunicação em relação aos demais irmãos. Costuma-se dizer que nas sucessões, quando é grande o número de herdeiros, dificilmente todos se sentem satisfeitos com a divisão dos bens. É como dividir a carne de uma rês, ninguém quer ficam com o pescoço nem com os músculos dos membros dianteiros e traseiros. Todos querem o filé, o coxão, o alcatra, se possível, sem osso. Ora isso é impossível. Porém quem corta, não vai perder a oportunidade de levar para seu lado maior parte do filé mignon! Quem vai se calar diante dessa atitude ? Se alguém já duvida da seriedade do encarregado da divisão, mesmo agindo criteriosamente, será importunado e suspeito de fraude. A divisão da rês ou das terras do Rincão dos Alves deu muito ”pano para manga” – ou seja, motivo para discussão. Muitos herdeiros que investiram pesado na sua moradia tiveram que removê-la dali para o lugar designado pelo inventariante. Havia solução menos dolorosa se houvesse entendimento de permuta de áreas, o que salvaria ou evitaria grandes prejuízos aos ocupante do lugar onde já estavam. Na seqüência das sucessões, Marcírio Machado e alguns de seus irmão, também reclamaram do que tocou a cada um. Até mesmo as sobras deixadas fora pela Carta Geral foram, posteriormente, incorporadas à propriedade de herdeiros vizinhos. Houve necessidade de, mais tarde, fazer um processo de usucapião, porém ainda houve sobra. Por fim, no decorrer do tempo, quando foi possível acessar a todas as áreas, percebeu-se que havia ainda áreas sem dono na respectiva escritura. Agora fica a dúvida, se foi constatada sobra, esta área não poderia ser vendida legalmente. Só vende quem é dono. Tudo indica que haveria novo processo de usucapião, se constatar excedente em áreas recentemente comercializadas. Acredita-se que os próximos compradores não necessitarão de novas regularizações para serem verdadeiros donos de terras que já ocupam e que constam em suas escrituras públicas.
Sequelas da Sucessão

    Zeferino Alves Machado, pai de João Alves Machado, o Jango, faleceu muito antes da sua esposa Mariana Leite da Conceição. Jango, sendo o filho mais velhos dos 6 irmãos, foi designado para tomar conta dos negócios do pai, com ajuda dos demais irmãos. A viúva Mariana passou-lhe uma procuração para administrar todos os bens da família, com poderes inclusive para comprar, vender bens imóveis e semoventes(animais). Em razão disso João Alves se tornou o maior proprietário de terra da região, com a aquisição legítima de sua parte na herança e de forma auto-concessiva em relação aos demais irmãos. A extensão era tão grande que lhe permitia emprestar, alugar, ceder, gratuitamente ou não, a quem quisesse. João Alves Machado se relacionou com Marcolina Campos de Oliveira, filha de um capataz de fazenda que promovia rodeios para marcação de gado. Esta união não era do agrado da família Alves Machado devido à diferença econômica entre as duas famílias, mas a paixão de João por aquela morena rompeu a barreira do preconceito econômico e passaram a viver juntos. Marcolina era boa administradora. Tomava conta da casa e administrava os empregados, quase todos negros e escravos. O casamento oficial só aconteceu em 1931 quando foi convidado a participar das lista dos afilhados do Partido Republicando Castilhista no RGS, cuja condição obrigatória era o registro de casamento em cartório. Nesta época foi tirada a foto de sua família(ver capa). Com a morte de sua irmã Conceição, solteira, o divisor da herança passou de 6 para 5, retornando sua fração hereditária à posse da mãe viúva Mariana Leite da Conceição. Em razão dos poderes recebidos da mãe e à responsabilidade pelos seus cuidados, João foi recebendo mais concessões na propriedade do que os outros irmãos. Assim constituiu-se um império econômico em terras, quase um latifúndio. Do casamento de Jango com Marcolina nasceram 13 filhos, porém com a morte de Marcolina não houve inventário imediato. Cada filho ia ocupando, a bom senso, parte da propriedade, sem o respectivo titulo de posse. Jango casou-se, em 2ª núpcias, com Carmela Sachett, não tendo filho com ela. Já velho, sem lucidez suficiente para gerir os negócios, passou uma procuração ao seu filho Francisco de Oliveira Machado, com poderes para comprar, vender, trocar, pagar, receber valores de toda espécie. Com todos estes privilégios Francisco, conta Idalina Simmi de Oliveira, sua sobrinha, passou a assentar parentes de sua preferência em lugares mais nobres da propriedade, além de se locupletar com a compra de alguns bens de raiz. Ao cair doente, Jango teve sua casa esvaziada pela viúva que levara móveis e utensílios de carreta, durante a noite, para não entrar em inventário. Havia peças de louças e móveis de elevado valor histórico e estimativo, levadas sem o consentimento da família. Mais um descontentamento dos filhos e netos de Jango que se sentiram saqueados dos bens estimativos de família, entre outros, conta Idalina. Chegou a fase do inventário, ocasião em que muitos herdeiros, que já moravam em determinados lugares, haviam investido na construção de casa, galpão e em outras benfeitorias, tiveram que deixar o lugar e ocupar a área indicada por Francisco – o Chico Machado, como era conhecido. Descontentes com o desfecho dos negócios, ocorridos antes e depois da morte de Jango, os poucos irmãos de Chico ainda vivos entraram na Justiça movendo uma ação contra o abuso de poder e autoridade de procurador, bem como negócios julgados ilegais e de suposto favorecimento por ele praticados . Contrataram o advogado Dr. Solano Borges, um dos maiores causídicos da época, para defender os interesses dos irmãos supostamente lesados. O processo demorou 2 a 3 anos com ganho de causa aos autores da ação, porém, a área devolvida em nada acrescentou ao patrimônio dos reclamantes, pois as custas judiciais e advocatícias absorveram toda a vantagem auferida em decorrência da reclamatória. Convém frisar que a postura de Francisco não era inédita. Foi espelhada na atitude de seu pai João Alves que, ao perder o pai Zeferino, cuidou da mãe Mariana até seus últimos dias de vida e por isso herdou mais terras que seus irmãos – 1/3 a mais. Como alegou ter cuidado de Jango, gastado com médico para tratar de sua saúde e administrado seus bens na sua velhice, julgou-se também no direito de 1/3 a mais que os outros na hora da divisão dos bens. Alegaram os reclamantes não haver nenhum documento provando despesas que justificassem a apropriação de grandes extensões de terra. Mal havia acabado de fazer o inventário, Dr. Solano já pegava outra causa, gerando até discussões entre Francisco e Solano por ter passado a defender os reclamantes. Muitas áreas nas imediações da várzea foram vendidas para custear despesas advocatícias, interpretadas como despesas extravagantes de filhos de Jango. De tudo isso restou apenas o sentimento de justiça, contrapondo a uma seqüela de inimizade sem fim com a desagregação de um relacionamento de família que se mantivera durante muitos anos. Quer parecer que essa batalha pela posse da terra não só trouxe prejuízo, mas alertou os descendentes que a disputa por um naco de solo destrói algo de mais valioso na convivência das famílias e vizinhos – a amizade, a troca de favores, o socorro na hora difícil, um ombro para chorar e desabafar na hora da dor. Tem-se exemplo que, depois desse episódio, muitas famílias dividiram suas propriedades em clima mais sensato e harmonioso. É isso que se quer...


 

Administração e Brasão de Jaguari

Brasão de Jaguari,RS

Foi instituído em 1963 conforme Lei Municipal n&ordem 586/63. É um Escudo Ducal, tendo na parte superior uma coroa com 4 castelos simbolizando os 4 distritos que dividem o município. Uma faixa estilizada, em vermelho ondulante, com as inscrições: “1632 – PELA PÁTRIA – 1920”. JAGUARI, completa o brasão. Em baixo, dois quartéis e um campo. No quartel da direita, uma onç a malhada em fundo de prata, recordando a origem do nome do município. Á esquerda, sobre fundo azul, o Cruzeiro do Sul, símbolo de nossa Pátria. Mais abaixo, em fundo verde musgo, três sulcos, simbolizando terra marcada pelo arado, para a agricultura. Separando os quartéis do campo, uma linha sinuosa, em azul, mostra o RioJaguari que corta o município, no sentido leste-oeste. Na parte inferior, em campo amarelo, uma cruz de missionário em vermelho e duas flechas indígenas, de ponta de osso, em sentido contrário, lembram os primitivos habitantes da redução jesuítica de São Miguel 1632. O apoio lateral, à direita, um cacho de arroz. Á esquerda, um ramo de fumo, esteios da economia agrícola; e como apoio de base, dois cachos de uva.
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL DE JAGUARI-RS
Emancipação: 16/08/1920


I. Dr. José Manuel Siqueira e outros............. 1881 a 1891 – Colonizadores
II. Dr. Severiano de Almeida .......................... 1891 a 1908 - Administrador da Colônia
III. Distrito de São Vicente do Sul ................ 1908 a 1920 - Sub-Intendente
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1. Dr Miguel Chmielevski ............................... 1920 a 1923 Intendente
2. Cel Cloraldino Teixeira .............................. 1923 a 1926 Intendente
7. Cincinato Brandão ..................................... 1939 a 1942 Prefeito
8. Dormelindo de Oliveira .............................. 1942 a 1945 “
9. Adolfo Monteiro ...........................................1945 a 1947 “
10. Waldemar Diefenbach ... ..... ....................1947 a 1948 “
11. Guilherme João Goelzer ............... ..........1948 a 1951 “
12. Luiz Farinatti .............................................1951 a 1955 “
13. Emilio Sesti .............................................. 1956 a 1959 “
14. Carlos Callegaro ...................................... 1960 a 1964 “.
15. Enio Décimo ............................................. 1964 a 1969 “.
16. Ervandil Reghelin ....... ............................ 1969 a 1972 “.
17. Davi Machado .......................................... 1973 a 1976 “.
18. Vilson Julio Borsa ....................................1976 a 1982 “.
19. Almir Fiorin ................................................1983 a 1988 “
20. Antonio Carlos Saran Jordão .................1989 a 1992 “.
21. Marcondes Ruffo ..................................... 1993 a 1996 “.
22. Antonio Carlos Saran Jordão ................ 1997 a 2000 “.
23. Almir Fiorin ............................................... 2001 a 2001 “.
24. Ivo José Patias .........................................2002 a 2004 “.
25. Ivo José Patias ........................................ 2005 a 2008 “
26. João Mário Cristófari............................... 2009 a 2012 “
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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A HISTÓRIA DO RINCÃO DOS ALVES



Nesta vista: Capela São João Evangelista, logo abaixo Clube Esportivo Harmonia, Residencias e, mais próximo, Pranchada(travessia do Rio Jaguari) e Escola João Alves Machado.

AGRADECIMENTO

     Esta coletânea de contos e dados genealógicos é fruto de uma pesquisa que tem por detrás a mão amiga de inúmeros colaboradores. Por isso consigno aqui meu agradecimento a tantos quantos acreditaram nesta publicação, não se negando a dizer o que sabiam. Citar nome de parceiros desta jornada, que são tantos, haveria, certamente, omissão de alguns. Para evitar este ato involuntário, sintam-se reconhecidos todos os que contribuíram na sua elaboração. Começo agradecendo àqueles que ficaram horas respondendo as indagações do entrevistador até aqueles que, apenas, disseram a quem se deveria perguntar.


DEDICATÓRIA

     À minha família – esposa, filhos e netos, que sempre me passaram um clima de tranqüilidade e ânimo para pesquisar a matéria ora publicada. A Idalina Simmi de Oliveira, mais conhecida como Idalina Machado(In memorian), que, com sua memória privilegiada até seus 95 anos e morando 40 anos sob o mesmo teto da nossa família, relatou relevantes fatos históricos aqui gravados. Aos pequenos leitores que, na sua doçura e meiguice, se reencontram com as histórias e estórias contadas por seus pais e avós, fazendo planar sua imaginação. Aos meus netos, Emanuel, Giulia e Bruna, para que se estimulem não só a ler mais como também construir textos de sabedoria para promover o bem-estar entre as pessoas que os cercam.

INTRODUÇÃO       

      Desperta dúvida e curiosidade o motivo pelo qual alguém se propõe a passar para o papel atos e fatos de um povo ou de uma comunidade. Aos primeiros contatos, alguns já indagavam, meio receosos, qual o interesse dessa pesquisa para o entrevistador e também para os entrevistados. Outros, mais espirituosos, chegaram até imaginar a busca de uma maneira para vasculhar a vida de outrem. Para alguns, mesmo explicando com minúcias, não se conseguiria convencê-los de sua importância histórica, filosófica ou cultural. Mas a maioria dos entrevistados tem levado fé nesta obra, não só pela compreensão do seu objetivo, mas também pela amizade que havia com o entrevistador. Conhecia, sobretudo, os laços de família com o povo da região e nele punha fé e a certeza de um trabalho de interesse familiar, social e histórico. Entretanto, como forma de justificar as razões desse desafio, devemos nos convencer de que, se alguém vislumbra uma missão, mesmo difícil e, ao cabo da qual resulta satisfação para quem lê e para quem escreve, não executá-la seria reprimir suas potencialidades de ser útil. Seria o sonho a se tornar pesadelo; seria a eterna indagação do subconsciente: Por que não fiz isso antes ? Sabe-se que inúmeras histórias extraordinárias foram sepultadas junto com seus autores ... Passamos a lamentar porque não chegamos antes de sua partida definitiva. A ficha cai tarde demais e o tesouro cultura se esvái pelo ralo. Embora com prejuízo, vale a máxima: “antes tarde do que nunca”. A idéia nasceu e quem reconheceu a finalidade, apoiou. Isso dá ânimo e coragem a quem assume o encargo desse quilate e não se deixa esmorecer. Negar que alguém não se sinta orgulhoso em cumprir uma missão desse porte, é negar a si mesmo. Tem desgaste, sim, mas recompensa, também. Essa recompensa é o reconhecimento de quem avalia a importância e a grandiosidade de um instrumento de interação dessa natureza. Se disser que é também um instrumento de aproximação, deduz-se que seja ainda um instrumento de paz, de conhecimento, de admiração de seu próximo. Significa apreciá-lo mais ainda se conhecê-lo mais. Sabe-se, pois, que não se ama aquilo que não se conhece. Esta coletânea vai mostrar a constituição familial na forma de árvore genealógica, cuja apresentação dentada esclarece o grau de parentesco de cada família, de modo a se tornar um manual de cabeceira de quem dele tiver posse. Os contos, os causos, as estórias a as histórias vão mostrar ao caro leitor a índole dos “rinconenses”, seu modo de vida, seus mitos, seus conceitos de bem viver e a forma de escapar dos obstáculos naturais e os criados pelo próprio homem. Vão mostrar e descrever casos reais narrados de forma impessoal de modo a não constranger seus personagens ou protagonistas. Em se tratando de fatos reais, não vale a máxima: “Qualquer semelhança com atos e fatos aqui descritos, é mera coincidência” . Quem achava que o tempo iria sepultar algumas escorregadas nos bons costumes, enganou-se. Vão ficar sempre vivas na memória do seu povo para mostrar que, quem apanha, não esquece. Pode alguém não gostar de ler a verdadeira história por que discorda da forma como foi contada. Sabemos, cada um de nós tem uma versão sobre determinados fatos e um deles prevalece, confirmando que, onde há fumaça, há fogo. Talvez não seja do tamanho que se imaginava.
                                                                                               
Autor


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